Débora Helena Peruzzo Brescianini, começou a saltar em 2010, mas conta que desde a infância era apaixonada por paraquedismo, seu pai, um entusiasta da aviação sempre a levava a espaços de voo e tudo que ela via ali, a encantava.
Formada pela Skull Paraquedismo em Curitiba-PR, a atleta descreve seu instrutor, Rogério Santos, como “dedicado, competente, cuidadoso e acolhedor”. Foi no paraquedismo que Débora se encontrou com o sentimento de liberdade mais genuíno.
A paraquedista, que é também veterinária, conta como iniciou no esporte, como se sente em relação a ele e dá conselhos para quem está começando. Acompanhe nossa conversa com a atleta.
Air Press: O que te levou a saltar de paraquedas?
Débora Brescianini: Sempre tive vontade, desde pequena mesmo. Meu pai era um entusiasta da aviação e me levava para ver aviões e paraquedistas quando eu era criança. Acabei tendo muita curiosidade e vontade de saltar, mas eu era muito nova, depois não tinha grana para bancar e casei, meu ex-marido era muito ciumento. Uma semana após a separação de corpos fui atrás de uma escola e descobri a Skull Paraquedismo, fiz o curso e não parei mais de saltar.
Air Press: Descreva o seu primeiro salto
Débora Brescianini: Fiz salto com fita (ASL), salto foi a 4 mil pés, não precisei comandar, fiquei segurando o montante do avião (era um cessna) e ao me soltar a fita acionou o equipamento liberando o paraquedas. Foi em Ponta Grossa, pertinho de Curitiba.
Air Press: Descreva suas emoções em saltar no início
Débora Brescianini: Sensação de medo inicialmente, mas com vontade de sentir aquele vento todo. A sensação mais maravilhosa é a que tenho em casa salto: LIBERDADE!
Air Press: Teve medo?
Débora Brescianini: Sim! Impossível não ter rsrs
Air Press: Foi fácil?
Não, mas a vontade de experimentar algo completamente diferente de qualquer situação já vivida fez ficar menos difícil. Foi completamente desafiador.
Air Press: Como?
É extremamente desafiador você se pendurar na parte externa do avião com um vento no rosto… Parecia que não teria forças pra ficar agarrada. Após o paraquedas ter sido liberado veio outro desafio, o de navegar. Sorte que estava com rádio e o instrutor me deu segurança, pois eu sabia que alguém estava comigo e me orientando.
Air Press: Quais as características mais marcantes do esporte que o mantiveram saltando no começo?
Débora Brescianini: Liberdade extrema, vencer desafios, perceber como as coisas aqui no chão são minúsculas e tudo igual. Aprendo muito sobre humildade, uma vez que estou lá em cima com o único objetivo de ser feliz sem me importar com diferenças entre uns e outros.
Air Press: Pra você, hoje, qual a importância em saltar de paraquedas?
Débora Brescianini: VIDA! Me sinto revigorada a cada salto, sinto muita energia que me gera calma.
Air Press: O que o paraquedismo trouxe de especial para sua vida?
Débora Brescianini: Amizades incríveis, encontro de almas, ensinamentos de superação e do quanto é bom viver.
Air Press: Transmita-nos a emoção que você tem hoje em saltar.
Débora Brescianini: Sinto que minha doença (tenho esclerose múltipla), se afasta de mim a cada salto. Cada vez mais eu quero me jogar de avião, balão e deixar a doença lá embaixo, bem longe de mim. Me sinto viva e feliz demais a cada salto.
Air Press: Conte-nos um salto memorável em sua carreira no esporte
Débora Brescianini: Foi o primeiro salto em um campeonato mundial, na Alemanha. Fizemos um salto, super técnico e limpo. Pousamos e eu chorava muito, as minhas amigas do time não entenderam nada, afinal, o salto havia sido impecável. Mas aí expliquei que minha cachorrinha de 18 anos estava muito mal em Curitiba e podia morrer a qualquer momento e aquele salto me conectou com uma energia tão linda e forte que pedi a Deus pra se pudesse manter ela viva só até eu voltar. Este salto foi emocionante
Air Press: Conte-nos um salto engraçado em sua carreira no esporte
Débora Brescianini: Foi o salto de balão que fiz com um amigo (Vanio), subimos sentados num balanço que estava amarrado no cesto do balão, estávamos com muito medo de cair que chegou a ser engraçado demais.
Air Press: Conte-nos a pior situação que você já vivenciou no paraquedismo
Débora Brescianini: Um salto que fiz quando estava na FAB, pegamos chuva no salto, os pingos doíam no pescoço, além do que a chuva poderia deformar o velame, deu medo.
Air Press: Já teve uma pane?
Débora Brescianini: Duas panes. Quando passei por ambas, senti calma, tranquilidade e foco que nem sabia que tinha. Consegui manter a visão aberta, diagnosticar a pane e executar o procedimento de segurança sem euforia ou afobação. Como eu sempre executo o procedimento de segurança saltando ou não, quando precisei usar o procedimento já estava “automático”, não precisei parar pra pensar no que faria naquele momento.
Air Press: Algum conselho para quem está começando no esporte?
Débora Brescianini: Atenção na verificação do equipamento. Antes de equipar, revisar sistema das 3 argolas: pino do reserva, punhos, pilotando; ligar daa, atenção ao clima, focar e revisar mentalmente o que será feito no salto. Fazer procedimento de emergência incontáveis vezes, buscar informação sobre a área de pouso e áreas alternativas para pouso em caso de ter que pousar fora da área. Se informar ao máximo sobre segurança.
Air Press: O que você diria para incentivar alguém a começar no esporte?
Débora Brescianini: Paraquedismo é vida, é uma sensação de energia absurda que todos deveriam sentir antes de partir.
Seu mundo fora do Skydive
Air Press: Você mantém outra atividade profissional?
Débora Brescianini: Sou veterinária de cães e gatos, lido com geriatria e psiquiatria veterinária. Quando criança sempre brinquei com bichos de pelúcia, trocava fraldas de bichos e levava os bichos pra passear. Sempre fui apaixonada por eles e sou altamente realizada profissionalmente.
Já me incorporei na FAB como paraquedista, foi muito legal porque nunca tive militar na família, nem tive contato com o mundo militar. Ter me incorporado na aeronáutica aos 35 anos foi uma experiência nova e diferente. Me tirou da zona de conforto.
Air Press: Qual tipo de reação dos colegas de trabalho em relação a isso?
Débora Brescianini: Alguns amigos fora do paraquedismo acham a atividade legal e vibram com minha felicidade em ser paraquedista, outros já sentem medo quando vou saltar, é muito diferente a reação de cada pessoa.
Air Press: Como sua família reage ao esporte?
Débora Brescianini: Me apoiam bastante e vibram com as conquistas. E sempre pedem pra eu me cuidar quando vou saltar.
Air Press: O paraquedismo te ajuda na sua profissão, ou nos relacionamentos interpessoais?
Débora Brescianini: Ajuda sempre, paraquedismo ensina humildade
Air Press: O que mais o paraquedismo traz de benefício?
Débora Brescianini: Sorrisos largos no rosto, aquecimento da alma.
Air Press: O que te faria parar de saltar?
Débora Brescianini: Partir deste plano terreno.
Jogo rápido
Air Press: Filme
Débora Brescianini: A procura da da felicidade
Air Press: Música ou Intérprete
Débora Brescianini: Adoro foo fighters, Danzig, Pearl Jam
Air Press: Livro
Débora Brescianini: Sapiens
Air Press: Canal de TV a cabo
Débora Brescianini: History Channel
Air Press: Além de paraquedismo, o que fazer num final de semana?
Débora Brescianini: Levar meu cachorro no “cachorródromo” (parque dos cachorros aqui em Curitiba). Praia, hotel fazenda, sair em bares abertos.
Air Press: Melhor viagem
Débora Brescianini: Hawaii
Air Press: Ainda quero conhecer
Débora Brescianini: África do Sul
Air Press: Sonho de consumo
Débora Brescianini: Mergulhar numa piscina de brigadeiro rsrs
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