Celebrar a vida

O perfil do atleta Kevin Batista começa com um conselho no título “celebrar a vida”, pois essa é a sensação dele ao praticar o esporte.

Em abril deste ano, Kevin completará 28 anos de vida, sendo 15 deles dedicados ao paraquedismo. Ele começou jovem e teve seu pai como principal inspiração, além de ter sido seu instrutor, Geremias Batista para Kevin é “a pessoa com maior coração [que conheceu] no esporte”.

A formação do atleta foi na escola Costa Oeste Paraquedismo, e hoje, Kevin, trabalha como Instrutor, Coach e Rigger de paraquedismo, mora em Boituva-SP, tem um filho, Noah, e é de Foz do Iguaçu-PR, confira nossa conversa na íntegra com o paraquedista.

 

Air Press: O que te levou a saltar de paraquedas? Como o esporte veio até você?

Kevin Batista: Eu nasci e meu pai já era instrutor ASL, então desde muito novo já tinha o desejo de seguir os passos do meu pai.

 

Air Press: Descreva o seu primeiro salto. Teve medo? Foi fácil? Foi desafiador? Como?

Kevin Batista: Nós estávamos a caminho de uma dropzone na Argentina, onde meu pai daria curso para os oficiais da Gendarmeria. No meio do caminho soubemos que teve uma tempestade no local e danificou o avião, então, trocamos nossa rota e fomos para Santa Rita-PY, onde se tornaria minha área de saltos “natal”. Quase chegando lá, meu pai perguntou se eu não queria saltar, eu obviamente respondi que sim. Então começou a cair a ficha, meu coração disparou, mãos suando e na minha cabeça eu só pensava: tenho 13 anos e 49 kilos, qual será o tamanho do paraquedas que vou usar!? Chegando lá não deu outra, já subi na primeira decolagem, não via a hora de abrir a porta e me jogar. Quando chegamos na altura do salto, e o Jump Master (JM) abriu a porta, parecia uma cena de filme, onde tudo ficou em câmera lenta e passou um breve filme da minha vida na frente dos meus olhos, quando terminou esse filme o JM fez as perguntas: Altura? Pronto pro salto? Pés pra fora! Ao ficar pendurado no montante, foi o momento mais mágico da minha vida até aquele dia! Quando saltei tive a certeza que queria fazer aquilo para o resto da minha vida! Ver o mundo com a vista do paraíso de Deus, perceber o quão insignificantes são nossos problemas pessoais perto da grandeza do planeta! Isso com certeza foi a experiência que mudou a minha vida de tão marcante que foi!

 

Air Press: Quais as características mais marcantes do esporte que o mantiveram saltando no começo?

Kevin Batista: O amor, incentivo e garra que meu pai tem pelo esporte até hoje!

 

Air Press: Pra você, hoje, qual a importância em saltar de paraquedas?

Kevin Batista: A importância de ser minha terapia diária, meu ganha pão, minha família!

 

Air Press: O que o paraquedismo trouxe de especial para sua vida?

Kevin Batista: Além de pessoas incríveis e momentos únicos, trouxe também a consciência de que cada dia deve ser vivido como o primeiro, onde cada conquista depende exclusivamente de você!

 

Air Press: Transmita-nos a emoção que você tem hoje em saltar.

Kevin Batista: Com certeza a emoção que tenho em saltar, é a emoção de celebrar a vida com aqueles que estão vivos! E homenagear aqueles que um dia celebraram com a gente.

 

Air Press: Conte-nos um salto memorável em sua carreira no esporte.

Kevin Batista: Primeiro Recorde Sul-americano de HeadUp (2019). Só pelo fato de termos estabelecido o primeiro e termos escrito nossos nomes na primeira página desse livro!

 

Air Press: Conte-nos um salto engraçado em sua carreira no esporte.

Kevin Batista: Em uma das edições do Boogie Guarani fizemos uma saída de caterpiler com pelo menos umas 8 pessoas, mais parecia um chicote se torcendo pra todo lado, do que a ideia original

 

Air Press: Conte-nos a pior situação que você já vivenciou no paraquedismo

Kevin Batista: Pane na aeronave a quase 1000ft, pilonamos dentro do avião, teve feridos, mortos, traumatizados.

 

Air Press: Já teve uma pane? Quantas?

Kevin Batista: Já tive 4 panes, 3 de velame pequeno e 1 de tandem. A minha terceira pane foi um tension knot em um Valkyrie 75, tentei desfazer o nó, mas as tentativas foram em vão. Quando desconectei e abri meu reserva me deparei quase na mesma altura da freebag e tentei pescar a mesma, péssima ideia, a freebag agarrou na linha lateral da célula do lado esquerdo, com isso tive medo de que a freebag pudesse fechar o reserva e colocar ele em giro até o pouso. Por um momento achei que estivesse encrencado, mas nada de pior aconteceu, e pousei relativamente bem, só não foi melhor porque como fiquei tentando pescar a freebag perdi muita altura e pousei numa zona de turbulência, resumindo tive um pouso forte

 

Air Press: Algum conselho para quem está começando no esporte?

Kevin Batista: Foco e dedicação, a gente brinca com a morte, temos que estar ligados nisso.

 

Air Press: O que você diria para incentivar alguém a começar no esporte?

Kevin Batista: Que sem dúvida a melhor experiência da vida!

 

Seu mundo fora do Skydive

 

Air Press: Você mantém outra atividade profissional?

Kevin Batista: Como na minha infância o skydive esteve no foco, continuo nele até hoje, outros planos como faculdade e empregos foram substituídos por cursos dentro do esporte e tempo para trabalhar!

 

Air Press: Como sua família reage ao esporte?

Kevin Batista:  Às vezes falam de encontrar algo mais garantido, mas fazer o que se é isso que garante minha felicidade?!

 

Air Press: O paraquedismo te ajuda na sua profissão, ou nos relacionamentos interpessoais? Ou atrapalha?

Kevin Batista: ajuda a tomar decisões importantes, mas já gerou conflitos no passado.

 

Air Press: O que mais o paraquedismo te traz de benefício?

Kevin Batista: Saúde mental, liberdade.

 

Air Press: O que te faria parar de saltar?

Kevin Batista: Algo que me tirasse a mobilidade ou a morte

 

Jogo rápido, suas preferências

 

Air Press: Filme

Kevin Batista: Cutaway

 

Air Press: Música ou Intéprete

Kevin Batista: Jimi Hendrix

 

Air Press: Além de paraquedismo, o que fazer num final de semana?

Kevin Batista: Praia

 

Air Press: Um ídolo

Kevin Batista: Vince Reffet

 

Air Press: Melhor viagem

Kevin Batista: Fernando de Noronha

 

Air Press: Ainda quero conhecer

Kevin Batista: Europa

 

Air Press: Sonho de consumo

Kevin Batista: Vector Mutant

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