Marco Antonio Maluf Martins, 37, mais conhecido como Maluf ou “Pailuf” (para os amigos mais próximos), resolveu jogar pro alto – literalmente – a sua profissão de gerente comercial ligado a empresas de material hospitalar, além de uma faculdade de publicidade com mestrado em marketing.
Em 2017, mudou-se de sampa para Boituva com o plano de profissionalizar-se no esporte, cinco anos e 700 saltos após ter se formado pela São Paulo Paraquedismo no CNP.
“O peso profissional veio através do Saldanha que me ajudou muito no começo”, relembra Maluf. Hoje com 4500 saltos, é um dos maiores nomes no Free Fly Brasileiro, e especialmente na instrução da modalidade através da escola Free Flow que realiza eventos em Boituva e por todo o país.
Air Press: O que te levou a saltar de paraquedas?
Marco Antônio Maluf: Fui vítima da violência paulistana. Voltando do trabalho, fui assaltado e tomei uma facada que perfurou o pulmão. Naquele dia comecei a repensar na vida que eu estava levando, e o skydive foi um marco nessa mudança.
Air Press: Descreva o seu primeiro salto.
Marco Antônio Maluf: Foi ótimo, apesar de todo o medo que eu estava sentindo no meu primeiro salto. A experiência se transformou em uma descarga de energia quando cheguei no chão. Nos primeiros saltos só vinha uma pergunta na minha cabeça: por que e pra quem você está fazendo isso? Hoje tenho certeza da minha escolha.
Air Press: Quais as características mais marcantes do esporte que o mantiveram saltando no começo?
Marco Antônio Maluf: Eu gosto da possibilidade infinita de aprendizado que o esporte traz. Mas conhecer novas pessoas e fazer amizades foi o que realmente me manteve saltando no começo. Dividir aquela sensação do salto com alguém que você gosta, faz todo o sentido. No começo eu saltava muito com o Edu Coelho, devo ter uns 500 saltos fazendo 2 way com ele. Grande parte da minha evolução foi assim.
Air Press: Pra você, hoje, qual a importância em saltar?
Marco Antônio Maluf: Saltar de paraquedas virou minha vida desde que virei profissional e comecei a dedicar todo meu tempo ao esporte. Minha vida profissional já se misturou com a pessoal. Todos os meus amigos estão envolvidos no esporte que me deu a vida que tenho hoje. A possibilidade de viver e respirar o que eu mais gosto de fazer é algo libertador.
E através da minha amizade com o Migalha nasceu o Free Flow, que é a minha maior motivação hoje: poder conectar as pessoas que estão aqui pelo mesmo propósito é algo muito gratificante.
Air Press: O que mais lhe motiva a saltar hoje?
Marco Antônio Maluf: Tenho muitos saltos especiais, participei de recordes e campeonatos, mas hoje o que mais me motiva é ensinar. Tenho cada vez mais me motivado com o trabalho e com as pessoas que passam por esse caminho.
Air Press: O que precisa mudar em nosso esporte?
Marco Antônio Maluf: Promovermos mais segurança para aumentar esse índice sempre! Menos ego e mais união dos profissionais.
Air Press: Como você enxerga as diferenças entre as duas maiores modalidades do nosso esporte? FQL e FF?
Marco Antônio Maluf: Eu enxergo duas grandes diferenças. Quando observo o FQL, tenho uma grande admiração pelo nível de organização dessa tribo. Desde os times (4-way, 8-way), e os Big Ways (recordes ou não), a forma com que eles fazem para construir o salto tecnicamente, me causa uma admiração. Eles se respeitam. Um fala e outros escutam. Eles querem aprimorar, como nós, mas o “escutar” no FQL é muito mais presente e isso, de certo, ajuda eles a evoluírem e alcançarem seus objetivos de forma mais rápida. O grau de organização que possuem no grupo (seja time ou big way), me chama a atenção. Por outro lado, o nível técnico necessário para você fazer um big way no FQL, que gira aí a partir de 200, 300 saltos, no Free Fly, jamais ocorre. O nível de dificuldade em nossa modalidade é imensamente maior. Realmente precisa ter muita habilidade de voo pra voar o Free Fly. Especialmente Head Down. Por isso nossos recordes são menores – além claro, do tempo de queda livre ser menor – pois quem entra num salto de grande formação de Free Fly, como um recorde, já precisa estar chegando na casa dos 1000 saltos e com habilidade comprovada em eventos que nossos organizadores promovem.
Air Press: Conte-nos a pior situação que você já vivenciou no paraquedismo.
Marco Antônio Maluf: Tive algumas… Um acidente com velame aberto, um cypres fire durante o pouso (que me esqueci de mudar do modo Expert pro Speed), uma colisão na água do pound… Temos de estar sempre alertas quando saltamos, e tomar cuidado redobrado quando estamos buscando limites no esporte.
Air Press: Já teve uma pane? Quantas?
Marco Antônio Maluf: Tive duas panes de line twist com velames pequenos. Nas duas vezes não consegui desfazer devido a intensidade do giro. Nas duas vezes tive tempo e tranquilidade o suficiente pra tomada da minha decisão. Apesar de ter que estar treinado para reação rápida, ter a tranquilidade pra pensar e agir é importante também. Se você comanda sempre seu paraquedas numa altura segura terá tempo suficiente para resolver seu problema.
Air Press: Algum conselho para quem está começando no esporte?
Marco Antônio Maluf: A ansiedade de querer evoluir muito rápido no começo pode colocar você em risco, habilidade e dinheiro não substitui a experiência.
Air Press: Filme
Marco Antônio Maluf: O voo com Denzel Washington
Air Press: Música
Marco Antônio Maluf: Marcelo D2 e Milton Nascimento
Air Press: Livro
Marco Antônio Maluf: Casagrande e seus Demônios de Walter Casagrande Jr
Air Press: Além de paraquedismo, o que fazer num final de semana?
Marco Antônio Maluf: Só paraquedismo
Air Press: Um ídolo
Marco Antônio Maluf: Tenho dois: Saldanha e Migalha (atletas do skydive)
Air Press: Melhor viagem
Marco Antônio Maluf: Kjerag, Noruega
Air Press: Ainda quero conhecer
Marco Antônio Maluf: Japão
Air Press: Sonho de consumo
Marco Antônio Maluf: Uma chácara em Boituva
Air Press: Número de saltos
Marco Antônio Maluf: 4.500
Air Press: Equipamento
Marco Antônio Maluf: Vector
Air Press: Reserva
Marco Antônio Maluf: Optimun 106
Air Press: Principal
Marco Antônio Maluf: Valkyrie 71
Air Press: DAA
Marco Antônio Maluf: Cypress
Air Press: Macacão de saltos
Marco Antônio Maluf: Fly Down
Air Press: Capacete
Marco Antônio Maluf: Cookie Open face
Air Press: Qual altímetro utiliza
Marco Antônio Maluf: Viso
Air Press: Utiliza outro equipamento de precisão?
Marco Antônio Maluf: Dois sonoros N3
Air Press: Área de saltos
Marco Antônio Maluf: Boituva, porque é o Maracanã do skydive brasileiro e minha casa
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