Bigway

Brazucada no P3 – Skydive Perris

Marcella Rey
Marcella Rey
13/11/2023 às 09:45

O relato de uma das brasileiras dedicadas aos BigWays e a importância dos eventos do P3 para o Brasil

Por Marcella Rey

Foto do argentino Luciano Bacque registrando a maior formação do evento, um 87 way, que contou com a presença de seis brazucas

Me formei em 1997 na Fun Jump do Osmar em Boituva, SP. Ele e o MauMau (Coronel da PM) foram meus instrutores e passei um ano saltando até parar com 68 saltos. Achei que paraquedismo não era pra mim e já havia completado meu ciclo nesse esporte. Mas pelo visto essa pausa de quase 17 anos foi o que me impulsionou a voltar a saltar com empolgação a partir de 2014. Hoje tenho quase 700 saltos.

São quase 10 anos desde que eu voltei a saltar ativamente, e está sendo uma experiência incrível. E se fosse listar o que mais gosto de fazer nesse esporte, seria em definitivo os Big Ways. E por isso, além de ter estado presente no recorde feminino no começo do ano, estive recentemente participando do 100way Camp do P3 em Skydive Perris.

Brasileiros como Eric Veiga e Josirê Paiva participam dos eventos do P3 para aprimorar técnica

e se divertir

Perris Performance Plus, o P3

Para quem ainda não conhece, o projeto P3 é dedicado a grandes formações no paraquedismo mundial. Recentemente foram palco da quebra de recorde dos paraquedistas acima de 60 anos (SOS – Skydivers Over Sixty) num 101 way histórico sob o deserto californiano e com a presença de um brasileiro que também se dedica, como eu, aos big ways, o General Ronalt de Brasilia, DF.

A estrutura que Skydive Perris oferece é realmente impressionante. São aeronaves rápidas e grandes, totalmente dedicadas à operação do paraquedismo, como um Skyvan e alguns Twin Otters. E o Skyvan, que possui uma rampa trasiera de lançamento que auxilia o voo de uma formação de 6 a 8 paraquedistas, sempre a aeronave líder. Assim uma pequena base já sai formada para agilizar a construção de grandes formações.

E outro fator fundamental da DZ é sua área de pouso gigantesca, garantindo espaço para que muitos velames pousem de uma só vez em segurança. Fator crucial para eventos grandes como o que participei.

A estrutura clássica do P3

A primeira vez que eu fiz um salto desse tamanho e nível técnico, foi há cinco anos, bem aqui no P3, durante seus três eventos clássicos que ocorrem no mês de maio. Ele é um conjunto de três camps diferentes, estrategicamente elaborados para acontecerem numa sequência técnica e progressiva.

Começa com o Bigway Camp, que é uma grande clínica da modalidade com muita informação através de um denso briefing de segurança e técnicas de voo em grandes formações que contempla todas as etapas do salto. Depois vêm os saltos em si, onde todos os participantes executam as diferentes posições de saída. E claro, muitos saltos bacanas ao longo do camp.

Os aviões chegam a fazer duas passagens, em ala, para que cada grupo (15 a 30 pessoas no máximo) possa experimentar como é estar voando em formação, atentos ao lançamento da base do avião líder. A adrenalina corre solta, o que dá um tempero muito especial em nossa evolução nesse modelo de clinica. Quem passa pelo BigWay camp, é convidado para o camp da semana seguinte: o 100 Way Camp.

Magnitude – Skydive Perris foi palco de mais um evento do P3 com uma estrutura física e esquadrilha de aeronaves que impressiona

100way Camp – e a história do P3

Nesse segundo Camp, o objetivo é construir a maior formação possível. O P3, quando foi fundado, há mais de 30 anos no final da década de 1990, tinha como objetivo construir grandes projetos em large formations aliando em especial o expertise de duas lendas do nosso esporte: Kate Cooper e Dan B.C. que é o gerente da área de Perris.

Desde então, o P3 tem sido a grande referência mundial nessa modalidade e muitas áreas hoje oferecem algo parecido, mas nada supera a energia e a história de Perris. E pra mim, esse segundo camp, o 100way Camp, reflete bem a essência do P3: Superar limites construindo grandes formações.

Nesse camp, o objetivo é “simplesmente” construir a maior formação possível com o capital humano disponível. Ou seja, depois de participar de uma clinica com o Camp, nada melhor que se jogar de um avião para encarar o desafio de fazer uma grande formação. E nesse camp conseguimos realizar um 87way. A adrenalina, o desafio, a execução e a satisfação de compartilhar os céus com outros atletas de alto nível técnico e realizar uma grande formação que voa silenciosa ao ser completada, traz a cereja do bolo desse evento.

Liderança – Dan BC junto com Kate Cooper, fundadores do P3 (Perris Performance Plus) seguem no comando dos grandes eventos em sua sede

Passo a passo

Recomendo que, se alguém tem interesse em se desenvolver em grandes formações, programe sua ida a esses dois primeiros camps. Eles são uma base fantástica pra quem quer se desenvolver nessa modalidade. Além de muito conhecimento e desenvolvimento técnico, palco pra muito bate papo com paraquedistas de todo o mundo. Diversão garantida!

Camp final: Spring Fling

E por fim, nos camps clássicos, vem o Spring Fling, direcionado ainda a grandes formações, mas com um perfil bem mais técnico referente ao desenho da formação. Esse Camp é apenas para convidados que demonstraram ao longo dos eventos do P3, a qualificação necessária para encarar um desafio a mais em grandes formações com a engenharia de figuras mais desafiadoras. Ao todo, no mês de maio, são três semanas intensas, de quinta a domingo, para cada um dos eventos em Large Formations.

Brazucada sempre presente – Da esq. Pra dir.: Josirê Paiva, Dani Rizzo, Marcella Rey, Luiz (DJ) Távora, Daniel da Luz e Eric Veiga

Minhas impressões pessoais

Esse ano eu tive a oportunidade de participar do 100 Way Camp pela segunda vez. Eu estava curiosa para ver como seria o meu desempenho.

O evento foi tão incrível quanto eu me lembrava. A organização foi simpática, gentil, e prestativa, e os outros paraquedistas foram todos muito amigáveis.

O treinamento é intenso, mas também muito divertido. O objetivo principal como dito anteriormente, é aprender e praticar voar junto com outras dezenas de pessoas com segurança pra construir uma grande formação, de preferência um 100way. E tudo isso representa uma tarefa desafiadora.

No primeiro dia eu estava um pouco ansiosa, eu sabia que seria um desafio, mas eu estava determinada para ser bem sucedida. No último dia do evento, veio uma grata surpresa: recebi o convite para participar do Spring Fling! Foi um dos dias mais felizes da minha carreira nesse esporte maravilhoso!

Nessa hora percebemos que todo o investimento e treinamento produziu resultados que os melhores organizadores do mundo reconhecem.

É maravilhoso voar com tantas pessoas e muitos acabam se tornando amigos no esporte. Fazer uma formação gigante no céu é uma experiência inesquecível.

A autora Marcella Rey à direita junto com Dani Rizzo logo após o debriefing de um salto: “Não tem lugar melhor no mundo pra aprender Big Way, que o P3”

E aqui vão algumas dicas:

– Esteja em boa forma física.

– Esteja preparado para muito treinamento.

– Não tenha medo de pedir ajuda.

– Não seja visto no debriefing (risos). Em suma, realize seu trabalho sem erros

E, divirta-se!

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