Boogie

Boogie da Bahia

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Rodrigo Stulzer
16/06/2025 às 19:50

Um evento memorável, all inclusive e mar caribenho com pé na areia na vila de Boipeba

E foi num domingo de manhã que recebi uma mensagem falando do Boogie da Bahia. Olhei a proposta: quatro dias de paraquedismo numa ilha paradisíaca, com tudo incluído. Arregalei os olhos e vi que essa oferta tinha tudo a ver com a gente. Mostrei para a Bebel, ela me olhou e disse: “Compre já!”. Em seguida falamos com a Fernanda Macuco, responsável pela organização e fechamos o pacote. Isso era setembro de 2024.

Fast Forward para 09 de março e partimos às cinco da manhã do domingo, de Florianópolis, com destino a Salvador. Como o evento começava na quarta, resolvemos ir dois dias antes para conhecer a Vila de Boipeba.

Existem duas maneiras de ir de Salvador para Boipeba: trajeto semi terrestre, com ferry, ônibus e lanchas rápidas, que dura cinco horas… ou de avião, que dura 20 minutos. Neste dia não havia transporte aéreo e fomos de semi terrestre mesmo, porque nunca negamos uma boa aventura! Assim tivemos a oportunidade de confirmar um ditado: “Boipeba… difícil de chegar, fácil de apaixonar”.

A Vila de Boipeba é super simpática: poucas ruas, um centrinho acolhedor com igreja, lojas, restaurantes e só. Ficamos em uma ótima pousada pé na areia, desfrutando das piscinas e do mar de água quentinha. Aproveitamos pra curtir a dois e quando vimos já era o dia do evento.

A Chegada

Na quarta de manhã saímos da pousada, pegamos uma lancha para cruzar o pequeno canal e chegar na Fazenda Pontal Boipeba, uma área privilegiada rodeada pelo mar, planejada para o conforto dos hóspedes. Some isso a um aeroporto anexo, a menos de dez minutos de distância da sede, e você tem o local perfeito para se fazer um boogie!

A parte central do complexo é uma construção que incorpora um bar, restaurante e salão, onde eram feitos os debriefings, com duas TVs grandes. Logo ao lado estava um espaço para dobragem, a piscina, um gramado com redes à sombra de coqueiros. Os quartos são em uma casa grande de fazenda, com três andares só pra hospedagem. O nosso era no segundo piso, com varanda gigante, uma vista incrível e vento constante do mar.

No final do dia nos reunimos para o coquetel de boas-vindas, com direito a brinde e fogos de artifício, seguido de um ótimo jantar. A única formalidade da noite era o briefing de segurança ministrado pelo Durigon, da Skydive Cerrado, promotora do evento. Os LOs escolhidos foram o Rodrigo Cotô e Fer Balma no free fly e Pedrosan no belly.

Fomos dormir felizes com a certeza que teríamos dias especiais pela frente.

Primeiro Dia de Saltos

Na quinta-feira os grupos se formaram cedo e partimos para a primeira decolagem no nosso pássaro negro, o Caravan PT-OGL, pilotado pelo comandante Bruno. Fiz cinco saltos nesse dia, liderado pelo Fer Balma, aprendendo cada vez mais o voo de ângulo e apreciando a beleza incrível do mar de Boipeba, com seus corais gigantescos e mar de águas claras que pareciam o Caribe. O jump do sunset sempre é esperado com entusiasmo e dessa vez foi super diferenciado.

O pouso era sempre na praia em frente da fazenda. De manhã a faixa de areia ficava maior, por causa da maré baixa e à tarde, mais estreita. O vento sempre constante, meio que a quarenta e cinco graus vindo do mar. Fiquei um pouco apreensivo no dia anterior imaginando o desafio do pouso, mas foi só encarar a primeira vez e ver que era super tranquilo. Para aumentar ainda mais a segurança, contávamos com um barco de apoio na frente da praia durante todos os pousos. Qualquer um que porventura se aventurasse na água teria o resgate feito em questão de segundos.

A organização cuidou de todos os detalhes, nos entregando mimos de boas vindas como mochila, boné, toalhas e duas camisetas do evento. Também escolheu a data para bater com a lua cheia. E não era uma lua cheia qualquer, mas sim a Lua de Sangue: de quinta para sexta tivemos um eclipse lunar, que começou de madrugada e deixou a lua super vermelha. Rendeu um visual incrível e muitas fotos.

Ainda no meio da noite, fomos surpreendidos com uma bela fogueira na beira da praia que elevou a energia da festa.

Segundo Dia de Saltos

Na sexta acordei às quatro da manhã porque teríamos uma decolagem ao nascer do sol. Antes das 5h já estávamos todos prontos e decolamos para mais um voo de ângulo, desta vez com o Cotô. Depois do almoço sempre dava uma descansada por ali mesmo para continuar saltando na sequência. Mas nesse dia fui até o quarto para dormir uns trinta minutos e aguentar o resto do dia. Essa logística de ter tudo perto foi realmente fantástica.

Após várias decolagens e pousos, com muito aprendizado incorporado, fechamos o dia com mais um salto no por do sol. Totalizei sete naquela quinta abençoada.

No jantar nada menos que lagosta! Uma taça de vinho e muita conversa boa entre novos amigos. O que poderíamos querer a mais?

Terceiro Dia de Saltos

Na sábado organizamos um salto híbrido, juntando a turma do belly com a do free fly. O objetivo era fazer uma star com nove pessoas, onde três delas espetariam no vertical. O salto foi todo planejado pelo competentíssimo Pedro San. Muito bom ouvir as suas instruções e partilhar de tanto conhecimento.

Saí na base, junto com o Pedro e o Gustavo Vieira. O nosso objetivo era ter uma estrutura sólida, compacta e com razão de queda rápida para os outros paraquedistas poderem chegar com velocidade. Não conseguimos na primeira tentativa, desfazendo a formação quando tentaram espetar pra baixo. Como era o primeiro salto do dia, ainda teríamos mais chances depois.

Fizemos um segundo salto de ângulo com o Fer e depois voltamos para o Híbrido. Desta vez mudamos um pouco a base e afinamos a aproximação em stadium e o timing dos três que transitariam do belly para o vertical. Saindo de 14.000 pés, conseguimos fechar a formação e os três espetaram com o sonoro gritando aos seis mil pés, indicando a separação combinada. Ficamos mais uns três segundos ali curtindo o momento, até que o Pedro San deu o comando para separação e cada um seguiu em tracking para o seu quadrante. Tive uma baita experiência com esses dois híbridos, porque nunca tinha feito nada parecido nos meus 150 saltos. Toda a dinâmica foi ótima.

Depois foi o momento da Bebel saltar e minha vez de ficar na areia olhando pro céu. Ela fez um duplo e esperei pra filmar o pouso e registrar a alegria daqueles minutos. E lá veio ela maravilhada, gargalhando pelos ares. Não há coisa melhor que compartilhar essa energia com quem amamos!

Seguimos saltando e no sunset reunimos todos novamente para uma grande star de belly. Infelizmente dessa vez encostei o capacete no Gustavo que estava na frente e minha insta360 X4 saiu voando pelos céus de Boipeba. Bye bye câmera, e obrigado por tantos registros!

O Encerramento

O jantar de encerramento foi um churrasco com direito a mais brindes da organização e a sensação de dever cumprido. Não tivemos nenhum acidente grave, além das poucas colisões sem maiores preocupações e um pouso em um pequeno rio, do lado de Boipeba. Nada que o sol da Bahia não secasse o equipamento para voltar dobrado para casa.

Todos os dias foram de sol com céu azul e tempo quente. Mas no domingo cedo amanheceu chovendo melando a decolagem do nascer do sol. Como íamos pegar o avião de volta perto do almoço, o negócio foi tomar café da manhã e arrumar as malas. Na saída o sol já tinha dado as caras e havia vários tandens programados.

Saímos com uma vontade imensa de participar da próxima edição do Boogie da Bahia, fazendo a famosa “Obrigado Jah” no avião comercial que nos levou de volta para Salvador. Não sei se o comandante entendeu, mas nós sabíamos muito bem o que estávamos comemorando. Tivemos dias incríveis! Fer e o Durigon criaram memórias inesquecíveis para as nossas vidas!

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