Boogie

Réveillon com Free Flow Camp na DZ47

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Rodrigo Stulzer
14/01/2025 às 20:59

Por Rodrigo Stulzer

O Boogie de Réveillon da DZ47 aconteceu com lançamentos a 14 mil pés a partir de duas aeronaves, o Caravan PS-SKY e o Cessna 195 ZPN. Dezenas de atletas, alunos e passageiros de saltos duplos se divertiram muito no clima de fazenda e praia de uma das drop zones mais charmosas do Brasil.

Uma semana antes a previsão não estava das melhores, mas rolaram saltos todos os dias das 07 às 18 horas, valendo a máxima que “só salta quem está na area”. Com somente um weather hold por causa de uma chuva de uma hora e meia no dia 30 e pequenas interrupções para checagem de nuvens maiores passando pela área, São Pedro abençoou a DZ47 com um clima excelente.

Também teve saltos especiais a 16.000 pés, de manhã bem cedo e no sunset, além do Free Fly Camp com o pessoal do Free Flow (Surian e Negrito) e Lirão, dos Crias, que aconteceu paralelamente ao evento, nos dias 28, 29 e 30.

Até uma cachorrinha resolveu aparecer e foi adotada pelo Dudu Ceratti, sendo batizada de Valkyria!

Depois de chegar na minha Cat B, comecei a pensar em qual seria o próximo objetivo. O pessoal aqui na DZ47 faz muito voo de ângulo, então achei que seria um bom desafio e ótima oportunidade para saltar junto.

Screenshot

Meus preparativos para o evento

Já era início de novembro e a DZ47 anunciou o Boogie de Réveillon, onde se anunciava um Camp de Free Fly com o pessoal do Free Flow (Surian e Negrito) e Lirão, dos Crias.

Nada melhor que uma data para marcar um objetivo! Eu teria que ter uma condição mínima para poder participar desse Camp.

Conversei com o Felipe Longo (coach de freefly na DZ) e fizemos 24 saltos de treinamento até o início do Camp.

Esse Boogie de réveillon foi o meu segundo evento, mas mais especial ainda que o primeiro. Naquele anterior eu saltei sozinho, porque ainda era Cat A. Aproveitei muito a vibe na área, mas no céu era só eu.

Mas dessa vez, tendo treinado bastante, todos os saltos eu pude realizar com a galera e, cada vez mais, descubro que o paraquedismo, apesar de ser algo individual, é um esporte coletivo. Desde a operação da área, que depende de muita gente, até os saltos com os amigos, tudo envolve pessoas: a referência de alguém à sua frente, a vibe em queda livre, a navegação até o pouso, tudo fica melhor quando compartilhado com outras pessoas.

Nos dois primeiros dias – 26 e 27 – continuei o treinamento solo com o Longo, mas alguns amigos como o Omar Cassol se juntaram em alguns saltos. Isso me ajudou para me familiarizar com mais gente na porta e para respeitar o quadrante de cada um no céu.

E chega o primeiro dia do Camp!

Os LOs (Load Organizers) separaram os grupos e fiquei junto com o Fred Waldow, outro atleta iniciando no voo de Ângulo, aqui de Floripa. Surian nos liderou em quatro saltos naquele dia, corrigindo postura, saída da aeronave e deslocamento pelo céu, cuidando do quadrante. Com tempo lindo, céu azul e clima muito quente, foi como estar num parque de diversões onde seu pai deixa você ir em todos os brinquedos e ainda por cima pode escolher qualquer coisa para comer.

Foi muito bom ter Coach com alguém como o Surian, com uma baita experiência e didática. Os seus sinais são com o corpo inteiro, fáceis de identificar e compreender. Mesmo que eu estivesse na última cadeira do teatro, conseguiria ver o Surian lá no palco batendo na perna e pedindo para eu colocar mais a canela no vento!

Em todos os finais de dia o pessoal aproveitava a cerveja liberada por quem “pagou 10” por algum motivo durante o dia. No começo não entendi muito bem porque tinha tanta coisa para pagar 10, mas agora acho até legal, porque deixa todo mundo mais feliz no encerramento de cada dia.

Próximo dia, troca de LO e novos desafios

Sábado, segundo dia do Free Fly Camp e agora o LO era o Lirão, dos Crias. Atleta super simpático e empolgado, nos levou para um passeio nos céus. Estávamos em seis atletas dessa vez (cinco + o LO).

A dificuldade subiu e a responsabilidade também, mas a alegria em saltar com todo mundo foi especial demais. No início foi um festival de saídas tortas e pessoal espalhado pelo céu. Mas à medida que os saltos foram acontecendo, e os debriefins rolando, fomos nos encaixando.

Nesse dia foram cinco saltos. Na maioria deles passei do grupo e fiquei à frente, mas pelo menos foi melhor do que ficar atrás e mais pra baixo.

No domingo, dia 30, último dia do Camp e penúltimo do Boogie, pegamos o Dudu Ceratti para nos levar ao céu. O grupo já estava mais consistente e entraram pessoas novas.

Demos cinco saltos ao longo do dia e melhorei aos poucos, mas continuava passando na frente. Canela no vento melhorou muito e ponta dos pés vivos, ajudando a direcionar o voo. No Camp inteiro o que mais ajudou foi melhorar a consciência de quebrar mais o quadril, mantendo a bunda mais para trás, o que facilita fazer o ângulo com o tronco. E o uso dos braços melhorou também, com as dicas de todos, usando-os para frear quando necessário.

Meu último com o sorriso do meu mentor em queda livre

Somando tudo isso fomos para o último salto do dia e do Camp, e próximos do por do sol estávamos na porta do avião, com um mar de nuvens embaixo, banhada pelos últimos raios de sol.

Saí numa posição nova e peguei o vento relativo meio de lado. Não confiei na posição, encolhi as pernas e capotei, ficando pra trás. Mas não desisti, acelerei e tentei encontrar o líder. Chegando perto me dei conta que já deveria ter freado antes.

Fiquei calmo e fui freando e me posicionando. Fui chegando, chegando e encaixei, ficando alguns segundos cara a cara com o Dudu, voando a uns 240km/h, e vendo o sorriso no rosto do meu mentor. Cheguei tão perto que me assustei e freei, voltando para a realidade e entrando na nuvem. O sonoro apitou e era hora de separar.

Pousei e corri para o debriefing onde já estavam todos vendo o vídeo. Dudu me parabenizou e falei “dessa vez consegui cravar!” Foi ótimo! Melhor sensação de todas. Esse salto e os segundos que consegui ficar de cara a cara com o LO coroaram aquele mês de treinamento e fecharam perfeitamente o evento pra mim.

Quase completei 100 saltos

Dia 31 amanheceu chovendo na DZ e aqui em Floripa também. Eu tinha acordado cedo para fazer o meu salto de número 100, mas desisti e voltei a dormir. Umas duas horas depois o sol apareceu e abriu tudo na DZ. Acabei não indo porque o trânsito no último dia do ano estaria infernal.

Rolaram saltos o dia inteiro, com direito a pousos na praia de Balneário Camboriú e água de coco no final para comemorar. O meu grupo estava lá e fiquei feliz por eles.

Mas não fiquei chateado em estar ausente desse finalzinho. Como sou local da DZ47, poderei fazer isso durante o ano.

O Boogie foi um sucesso. Praticamente sem incidentes, com a ótima vibe da DZ47, e muita diversão!
O encerramento foi na praia do Estaleirinho, onde a DZ alugou uma casa à beira mar e várias pessoas ficaram por lá, brindando a passagem de ano numa ótima festa com um grande “Obrigado Jah” para comemorar.

Até o próximo!

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