A tentativa da quebra de recorde em território nacional foi mais uma página escrita pelo CTR
no paraquedismo Latino Americano.
O CTR (Clube do TR) foi criado por mim e o Fabio Diniz em 1999 e lideramos a instituição até 2012 com o objetivo de desenvolver e promover o FQL nacional por meio de camps com foco no BBF (Basic Body Flight), treinamento e construção de times de 4way, além de Camps em Orlando, FL no túnel de vento e até eventos em Dubai. Sempre associando a organização desses eventos ao nosso treinamento como a equipe nacional de 4-way, o Optimum, e fazendo Encontros Internacionais de FQL em Boituva.
A partir de 2013 passamos o bastão da liderança do CTR para o David Rodrigues que recebeu esse grande desafio em continuar com a missão de desenvolver o FQL nacional, que ele tem feito desde então de forma magnífica com o foco exclusivo em grandes formações. Algo que ele vem se especializando com muito empenho ao longo dos anos acumulando inúmeros de eventos internacionais como os realizados em Perris pelo P3.
O fator complementariedade
O evento do Recorde 108, idealizado e organizado pelo nosso David mostrou mais uma vez o poder de um time de alta performance. Um time que é feito de complementariedades (uma das fórmulas do sucesso).
O David soube escolher e liderar essa equipe – através de seus capitães – para que cada um pudesse trabalhar em cima de suas forças e virtudes. Caso você ainda não conheça as suas, sugiro fazer esse teste: https://consultoriaferraz.pro.viasurvey.org/
Fiquei muito feliz com o convite feito pelo David em ser capitão, onde pude contribuir com todo meu conhecimento de 30 anos de skydive, 9.000 saltos e, principalmente, com meu conhecimento da Psicologia no esporte.
Por causa das condições climáticas, tivemos que trabalhar muito a resiliência de todos e preparar mentalmente para o desafio que iríamos enfrentar com poucas oportunidades de salto. Usei a estratégia de, em algumas janelas temporais, treinar mentalmente com recursos técnicos individualizados, por meio de palestras, informações fundamentais do nosso inconsciente, técnicas de programação neurolinguística e psicológicas para que todos pudessem se manter focados e prontos para a ação.
Percebi que a grande maioria estava engajada nas atividades extra saltos que conduzimos, mantendo-se concentrados e prontos para saltar a qualquer momento.
Cortes necessários
Não tivemos tempo para treinar nos primeiros dias e tivemos que ir direto para as tentativas de 108-way só na quinta-feira, fazendo com que o limiar de cortes técnicos fosse mais baixo. Ou seja, pequenos erros causariam o corte inevitável de um atleta, que seria substituído por um outro do time reserva, causando naturalmente mais tensão aos participantes.
Mesmo assim, os atletas se mantiveram firmes, focados no propósito do recorde e, aqueles que foram cortados, em sua grande maioria, torcia por quem entrou. E agora no grupo reserva, o foco era performar bem pra ser chamado de volta ao grupo principal, o que ocorreu com alguns participantes.
Nessas horas de corte, é muito difícil para todo mundo. O importante é o atleta entender quais os fatores que levaram ao corte do salto, os critérios que foram utilizados, para que seja algo aceitável e ajude a nortear o que fazer para melhorar sua performance nos próximos. Uma boa comunicação entre o líder e o atleta, com acolhimento, argumentos e firmeza, auxilia para que os motivos do corte sirvam de aprendizado e crescimento. E não ressentimentos e mágoas.
Teremos o 108
Aprendi muito e fiquei muito feliz em perceber que realmente é possível bater o recorde em território nacional e também olhar para trás e ver o quanto o CTR cresceu na comunidade FQL e vem criando grandes oportunidades no skydive nacional. E não duvidem: Já somos 108!