Nosso Pedrosan relata os bastidores para alcançar a performance máxima dos atletas selecionados
O paraquedismo brasileiro sem dúvida alguma atingiu um nível superior no cenário mundial das grandes formações, mesmo sem termos alcançado o objetivo maior de voltarmos aos nossos lares como recordistas.
A começar com o óbvio: conseguimos reunir nove aeronaves dedicadas integralmente ao nosso objetivo durante cinco dias de evento e com uma tripulação para se tirar o chapéu. Em todos os lançamos que tentamos realizar o salto do recorde, todas as aeronaves sempre ajustando o posicionamento que deveriam estar e sem qualquer vacilo em voo por parte dos comandantes. Voos perfeitos! Incrível!
Mas houve, ao longo dos cinco dias do evento, com apenas duas tardes passíveis de arremessarmos os 108 atletas candidatos a recordistas – e mais três cameramen – acima de 16mil pés, algo que me chamou muito a atenção. E me trouxe muita satisfação. Que foi a dedicação individual de cada um dos que estavam presentes e inscritos para o 108.
Sala dos capitães
Imaginem vocês, os sete capitães dentro de uma sala com três vídeos para analisar, de uma base com 36 atletas e mais 6 Helixes (hélices) com 12 integrantes cada. A estratégia, grosso modo, foi essa. Três vídeos, setor por setor, quadro a quadro, atleta por atleta.
A cada salto com os 108 eleitos que pousavam, iniciávamos um processo minucioso para analisar, em cada um dos sete setores, o que poderia ser aprimorado nas performances de cada um. E após avaliar e constatar o que poderia ser aprimorado, algumas vezes podia ser a substituição de alguém. Em qualquer um dos casos, todos que abordamos, sempre estiveram receptivos a ouvir as orientações para melhorar para o próximo salto, ou aceitarem e se conformarem que estavam agora no grupo dos reservas.
Em ambas as situações, o time de capitães constatou que absolutamente todos os atletas que abordamos, estavam com suas xícaras vazias! Prontos – e sedentos – em receber as orientações para ajustes, mesmo que fosse a substituição. E os que caíram para o grupo dos reservas, ou iniciaram o evento nesse grupo, mantiveram não só o moral para o salto deles, mas em solo sempre atentos às tentativas e torcendo pelo sucesso coletivo.
Equipe seleta
Isso tudo não é mero acaso. Tínhamos, como o David frisou algumas vezes, um seleto grupo de atletas com experiências variadas. Recordistas nacionais e estaduais, novos talentos, detentores do recorde atual (103-way em Perris, CA) em 2013, além de talentosos freefliers, entre outros. E essa seleção conseguimos realizar após 3 try outs durante o primeiro semestre do ano.
Pra mim, portanto, um dos pontos mais altos desse evento, foi não só constatar a qualidade técnica de cada um dos atletas que participaram desse evento, mas também a qualidade humana que permeia o bem comum, espírito coletivo e solidariedade.
Em breve, 108
E por fim, além de poder saltar com um capital humano sem igual ao longo da minha carreira como coach e organizador, o privilégio de poder estar na “sala da crise” com lideranças notáveis como David Rodrigues (que organizou tudo com a Lidi), André Ferraz, Robson Custódio, Beatriz Ohno, Guilherme “Kid” Cassina e Alisson de Vargas (atual Campeão Brasileiro de FQL-4 Indoor e Outdoor), me trouxe aprendizados e experiências que jamais poderia antever que teria.
A sinergia desse grande elenco, de capitães aos atletas, foi extraordinária no evento que aconteceu em Tatuí. Conseguimos em somente 4 saltos gerar a confiança e demonstrar o caminho da construção de uma grande formação para cada um dos atletas.
Estamos prontos para bater esse recorde em pouquíssimos saltos, podem ter certeza!