Freefly

Recorde Mundial de Head Up 2024

Rafael Ganzaroli 'Ganza'
Rafael Ganzaroli 'Ganza'
06/02/2025 às 20:48

A ideia de reunir alguns dos melhores head up flyers do mundo era audaciosa. O desafio? Quebrar o Recorde Mundial com uma grande formação, próximo de 100 atletas, exigindo precisão e sincronia perfeitas. O palco desse evento foi a Skydive Arizona, uma das áreas de salto mais importantes dos EUA e do mundo. Além de contar com ótimos aviões uma vasta área de pouso, a estrutura da Skydive Arizona oferece uma ampla área de dobragem, um túnel de vento, e um restaurante com bar, garantindo momentos de descontração após os saltos. O local também dispõe de alojamento para os atletas, uma loja de equipamentos especializada e um rigging loft completo.  A Skydive Arizona, com sua infraestrutura única, parece uma mini cidade do velho oeste do paraquedismo — um lugar onde todos os elementos do esporte se encontram de forma impressionante e eficiente.

Participar de um Recorde Mundial é indescritível. Cada salto, cada tentativa, é um aprendizado. Ao lado de outros 10 brasileiros, não estávamos apenas buscando um título; estávamos fortalecendo nossa presença no cenário mundial, era mais do que um objetivo técnico — era a oportunidade de representar nosso país no mais alto nível do esporte. Neste artigo, vou compartilhar como foi essa jornada: os treinos, os desafios, e a incrível sensação de ver o recorde se concretizar no céu.

Alcançar esse recorde mundial foi o resultado de uma combinação perfeita de talento, dedicação e trabalho em equipe. A paixão de cada integrante, aliada à organização impecável do evento, tornou possível transformar um desafio grandioso em realidade. Entre os Brasileiros presentes estavam: Carlos Selva ‘Calotinha’, Davi Costa, Felipe Assis ‘Lirão’, Henrique Rosso, João Roncato, Marysol Genova Perini ‘Sol’, Paulo Perini ‘Paulete’, Paulo Pires ‘PP’, Rafael Ganzaroli ‘Ganza’, Vitor Benassi e Vitor Cruz. Cada um trouxe algo único para o time — fosse experiência, técnica ou energia contagiante. Quando finalmente saltamos daqueles aviões, não éramos apenas indivíduos; éramos uma unidade, focados em um único propósito: fazer história.

Este foi o meu sexto evento de Recorde Mundial “Vertical” que tive a oportunidade de participar. Em eventos anteriores que participei, o Brasil esteve representado por grupos que variaram de 3 a 8 atletas. Pela primeira vez, um grupo tão numeroso de Brasileiros pode participar de um Recorde Mundial! Foram 13 brasileiros convidados, contudo, por motivos pessoais, Isaac Ribeiro e Kevin Baptista não puderam comparecer ao evento, deixando dois desfalques importantes!

Foram seis dias intensos de evento: um dia inicial de aquecimento para nos prepararmos mental e fisicamente, seguido por cinco dias de tentativas de quebra de recorde.

No dia de aquecimento, as ‘linhas’ da formação realizaram um único salto de treino, enquanto o ‘núcleo’ (core), composto por 40 atletas, fizeram três saltos. As linhas também tiveram alguns minutos de treino no túnel de vento, o que foi uma ótima inciativa da organização.

Nos dias seguintes, realizamos de 3 a 5 saltos diários, com a intensidade aumentando à medida que o evento avançava. Inicialmente, começamos com tentativas de uma formação com 111 pessoas. Nos dois primeiros saltos, apenas os 40 atletas do “core” deveriam estar ‘gripados’ (conectados, “de mãos dadas”) enquanto o restante dos participantes apenas ‘voava os slots’, sem realizar o ‘grip’, uma estratégia para colocar mais calma e aliviar a pressão. A cada salto, a formação se aproximava cada vez mais de uma configuração sólida, dando sinais de que o recorde estava ao nosso alcance.

A partir do último salto do terceiro dia, o número de atletas foi ajustado para 100, 11 pessoas foram “cortadas” para facilitar atingir o objetivo de quebrar o recorde anterior, que era de 84 pessoas, estabelecido em 2019. Nesse salto, chegamos muito perto de bater o recorde, mesmo com a altitude sendo mais de 2 mil pés abaixo da programada devido à formação de nuvens, o que nos impediu de atingir os 18 mil pés estipulados para os saltos.

No último dia, a pressão estava grande, ou batíamos o recorde, ou só no próximo evento em alguns anos.  O cansaço já começava a bater forte, afinal, esses saltos em grandes altitudes são extremamente exaustivos, tanto física quanto mentalmente. A organização planejou 4 saltos esse dia e decidiu reduzir a formação para 96, a ideia era garantir o recorde o quanto antes e depois voltar a tentar uma formação com 100 pessoas. Eu estava confiante, pois já havíamos feito saltos incríveis nos dias anteriores, ficando muito próximos de alcançar o objetivo. Fizemos um excelente primeiro salto, e então, finalmente, no segundo salto do último dia, BOOM! Quebramos o Recorde Mundial de Head Up, com 96 atletas! Durante o salto, no meu campo de visão, estavam todos lá, e eu senti que havíamos atingido o objetivo! Fizemos mais dois saltos com 100 atletas, a organização queria muito conquistar essa marca. Apesar de chegarmos bem perto, infelizmente não conseguimos os 3 dígitos, vai ficar para próxima!

Sem dúvida, este foi um dos eventos de Recorde Mundial mais bem organizados em que já participei. Foi incrível poder fazer parte de uma equipe com tantos Brasileiros talentosos, desde o mais experiente, Vitor Benassi, que já havia participado de Recordes Mundiais como o único Brasileiro, até a ‘nova geração’ representada pelo Calotinha e Lirão, que tiveram desempenho excelente! A base vem forte! Foi uma grande honra poder representar o Brasil em um evento Internacional, superando tantos desafios para nós Brasileiros, dólar nas alturas, deixar o trabalho e a família para trás… E enfim, poder voltar com o título de Recordista é maravilhoso! No entanto, o mais importante é que todos os participantes retornaram para casa íntegros, sem acidentes durante os saltos. Foram 96 recordistas, mas o feito foi fruto de um trabalho em equipe de mais de 111 atletas, além de dezenas de pessoas, como pilotos, embarcadores, dobradores e funcionários da Skydive Arizona. Sou eternamente grato à todos que, de alguma forma, contribuíram para que esse recorde fosse alcançado, e estou ansioso para os próximos!

Foo Power Speed

O Brasil na agenda dos grandes eventos sequenciais Houve um tempo onde o paraquedista que almejasse aprimorar suas técnicas de FQL para recordes de Big Way, precisaria despender tempo, dinheiro e lidar com muita burocracia de outros países onde grandes eventos neste formato ocorrem. No entanto, no início de 2025 uma brilhante iniciativa nacional mudou […]

Leia a matéria

Boogie da Bahia

Um evento memorável, all inclusive e mar caribenho com pé na areia na vila de Boipeba E foi num domingo de manhã que recebi uma mensagem falando do Boogie da Bahia. Olhei a proposta: quatro dias de paraquedismo numa ilha paradisíaca, com tudo incluído. Arregalei os olhos e vi que essa oferta tinha tudo a […]

Leia a matéria

Jump like a Pharaoh

Em sua sétima versão, um atleta brasileiro nos conta sua experiência nesse país árabe, rico em muita história e cultura, e o convívio com mais de 200 inscritos Como paraquedista apaixonado, sempre sonhei em unir o nosso esporte a visuais fascinantes ao redor do mundo. Neste ano, realizei um desses sonhos em um dos lugares […]

Leia a matéria

Noivado em pleno voo

Quando fechei a viagem para Noronha, já sabia que seria ali, no céu, que pediria a Yasmin em casamento. E, claro, teria que ser em queda livre. A partir daí, comecei minha preparação: meses de planejamento e treino, com o apoio de muitas pessoas, pelas quais sou eternamente grato. O salto foi perfeito. A beleza […]

Leia a matéria

Marcas que apoiam o paraquedismo

Federações parceiras