Parou de saltar há mais de 20 anos com menos de 500 saltos. Retornou no ano passado e conquistou uma vaga no time principal.
Silva, Ivam, Bia e o autor, Daniel
Em março de 1995, com 20 anos e cursando faculdade, topei com uma faixa promovendo curso de paraquedismo e resolvi encarar o curso ASL em Brasília. Nunca havia voado em avião. Me formei e comecei a saltar e investir no esporte, mas logo no ano seguinte sofri um revés digno de manicaca. Com 57 saltos, pilotando meu Sabre 150, realizei uma curva baixa que me rendeu muitas placas e parafusos e quase um ano de molho até poder voltar a saltar.
Como estava realmente fisgado pelo esporte, logo que me recuperei, entrei para um time de 4-way, o No Break em 1997. Erámos eu, Roberto Cebola, Alexei Sansei, Greike com o Primo de câmera. Nesse mesmo ano fui chamado a participar do recorde de 65 em DeLand, FL – com o Dream Team – enquanto ainda tinha aproximadamente 200 saltos. Participei na sequência do 88 way em Pirassununga. Logo depois tirei minha licença de Jump Master AFF, além de trabalhar como câmera, e fundamos uma escola entre alguns amigos como o Ivan e o Silva, até chegar próximo dos meus 500 saltos.
Mas a vida tomou outros rumos e por motivos pessoais, há mais de 20 anos, acabei voltando a morar no interior e parei de saltar, me distanciando do esporte. Nesse período várias coisas aconteceram no meu trabalho, depois veio um casamento, filhos e, há algum tempo, um divórcio. Coisas da vida.
Sempre senti saudades do paraquedismo e dos meus amigos do esporte. Um deles, o Ivan Melo, sempre me cutucava pra voltar a saltar – Valeu velhinho!
Voltando com tudo
Foi então que, no começo do ano passado, resolvi aproveitar o túnel de Brasília e iniciar meu retorno. E aqui quero registrar meus agradecimentos ao Silva pela paciência e tempo pra me ajudar nesse retorno.
Como já havia passado por um trauma grande em decorrência de um pouso malsucedido descrito acima, conclui que administraria o meu retorno de forma sensata e progressiva, buscando as melhores acessórias em nossa comunidade. Duas palavras em meu norte: segurança e aproveitamento.
Assim, com a decisão de retornar a saltar, decidi perder peso e tirei do armário meu antigo equipo para enviar a um profissional qualificado. E aqui o meu agradecimento ao Juninho (Skytec) que teve uma paciência de Jó comigo tirando todas as minhas dúvidas.
A partir daí, novo DAA e um principal maior e mais seguro. Para alguém que havia começado aos 20 e agora retornava aos 48, a sabedoria que aprendemos ao longo dos anos nos traz um grau maior de prudência, outra palavrinha no meu norte. Ah! e um macacão novo, né? Não tive como escapar dos quilinhos que ganhei desde minha juventude na faculdade. Também botei no meu planejamento fazer o curso de Segurança do Ricardo Pettená para relembrar, revisar, atualizar e reaprender os procedimentos e técnicas antes de voltar a saltar.
Retorno aos céus em Boituva e 108 na proa
Com toda essa bagagem revisada, voos no túnel, uns quilinhos a menos e o meu equipo revisado, fui até Boituva para voltar aos céus, realizando esse meu reencontro com o skydive sob o acompanhamento do meu amigo Luís Amorim.
E assim as coisas foram se desenrolando. Encarei alguns saltos de 4 way com amigos de longa data, depois me aproximei do Prime e seus Tunnel Camps no final do ano passado conduzidos pelo Pedrosan e Renatinho. Quando chega até mim notícias de um Recorde Brasileiro em planejamento avançado.
Não tive dúvidas e ele passou a ser meu grande objetivo nessa retomada, após mais de duas décadas sem saltar. Assim, junto com os Camps do Prime, me inscrevi para todos os três Try Outs do recorde e ainda um P3 em Perris em maio desse ano. Já em junho, ao final do terceiro e último Try Out do recorde realizado em Tatui, surgiu o convite pra fazer parte do time principal.
Infelizmente o tempo não nos ajudou. Faz parte do nosso esporte. Nas poucas janelas que se abriram para saltos, conseguimos fazer somente quatro saltos dos 16 previstos para cinco dias de evento. Mas pelo que sentimos de todos no grupo, quase 150 atletas presentes em Tatuí, ficou o gostinho de quero mais. Certamente bateremos esse recorde ano que vem! O time merece!