A modalidade se desenvolveu muito nas duas ultimas décadas, tornou-se mais acessível e hoje possui milhares de adeptos em todo o planeta
O wingsuit, também conhecido como traje de voo, roupa de morcego, asa de morcego que na realidade se parece com o voo de um esquilo, é uma invenção que transformou o sonho humano de voar em realidade. Desde suas origens rudimentares até os modelos de alta tecnologia dos dias atuais, os wingsuits evoluíram significativamente, permitindo que os entusiastas dos esportes radicais experimentem a liberdade do voo humano.
Os Primeiros Passos – um pouco de história
Por volta de 300 a.C. os chineses inventaram a pipa, bem como as técnicas de fazê-la “voar” no ar. Uma pipa é um tipo rudimentar de planador.
Em 1306 Aparecem registros de acrobatas chineses que se atiravam de muralhas e torres empunhando um dispositivo semelhante a um grande guarda-chuva que amortecia a chegada ao solo.
O desejo de voar está presente na humanidade provavelmente desde o dia em que o homem pré-histórico há mais de duzentos mil anos passou a observar o voo dos pássaros e de outros animais voadores.
Por centenas de anos várias pessoas acreditaram que seus corpos voariam ou flutuariam no ar se eles usassem asas, colocando-as nos braços e balançando-os, tomando como exemplo o voo de animais como pássaros e morcegos. Alguns até tentaram voar imitando pássaros usando um par de asas (que não passavam de um esqueleto de madeira e penas, imitando as asas dos pássaros), colocando-os nos braços e balançando-os. Naturalmente todas as tentativas de voar usando tais apetrechos falharam, com diversas fatalidades ocorrendo nestas tentativas mal sucedidas de alçar voo com tais “aeronaves” de propulsão humana.
Muitas pessoas acreditavam que voar fosse impossível, e que era um poder além da capacidade humana. Mesmo assim o desejo existia, e várias civilizações contavam histórias de pessoas dotadas de poderes divinos que podiam voar, ou pessoas que foram carregadas ao ar por animais voadores.
Primeiros rascunhos do voo humano
Muito provavelmente foi o artista e inventor italiano Leonardo da Vinci, nascido em 1452, a primeira pessoa a se dedicar seriamente a projetar uma máquina capaz de voar carregando um ser humano. “Se um dia alguém dispuser de uma peça de pano impermeabilizado, tendo os poros bem tapados com massa de amido e que tenha dez braças de lado, pode atirar-se de qualquer altura, sem danos para si”. Da Vinci é considerado também o precursor como projetista de um paraquedas.
Em Portugal, João Torto, natural da Beira, astrólogo, construiu umas asas de pano e, no dia 20 de junho de 1540, teve permissão para lançar-se do alto da torre da Sé de Viseu, com o objetivo de aterrar no Campo de São Mateus. Chegou a planar alguns metros e pousou no telhado da capela de São Luís, mas acabou por cair à rua, e perder a vida.
Tunel de vento e asas fixasFrancis Wenham tentou construir uma série de planadores mas não teve sucesso. Porém em seus esforços Wenham descobriu que a maior parte da sustentação de um pássaro parecia ser gerada na frente, e Wenham concluiu que asas finas, longas e fixas – semelhante às asas dos aviões dos dias atuais – seriam mais eficientes do que asas baseadas em pássaros e morcegos. Seu trabalho foi apresentado à recém-criada The Aeronautical Society of Great Britain, em 1866, e Wenham decidiu provar suas ideias construindo o primeiro túnel de vento do mundo, em 1871. Os membros da Aeronautical Society fizeram uso do túnel, e ficaram surpresos e encantados com o resultado: asas fixas geravam sensivelmente mais sustentação do que os cientistas haviam previsto.
A década de 1880 foi tempo de estudos intensos, caracterizados pelos gentleman scientists (cientistas cavalheiros), que fizeram a maior parte das pesquisas na área da aeronáutica. Começando na década de 1880, um incontável número de avanços foram feitos, que levaram aos primeiros verdadeiros e práticos planadores. Três nomes em particular continuam bem conhecidos no mundo da aviação: Otto Lilienthal, Percy Pilcher e Octave Chanute.
Os precursores
Os primeiros Wing Suits surgiram na década de 1930, feitos com materiais rígidos. Entre 1930 e 1975 muitos pioneiros morreram em diversas tentativas de voos com protótipos de Wing Suit.
Na decada de 30 a história do wingsuit começa com Clem Sohn, um paraquedista americano que, em 1936, começou a experimentar trajes que tinham asas de lona e seda. Embora inovadores, esses primeiros modelos eram perigosos e resultaram em vários acidentes fatais.
O BASE Jump nasceu na década de 70. Nas paredes do El Captain, no Parque Nacional de Yosemite. Os paraquedistas Kent Lane, Tom Stark, Carl Boenish entre outros, fizeram os primeiros BASE de uma montanha. O termo BASE jump foi cunhado por Carl e Jean Boenish que juntamente com Phil Smith e Phil Mayfield são considerados os pais do esporte. A palavra “BASE” vem do acrônimo em inglês para “B” de Building, “A” de Antena, “S” de Spam (ponte) e “E” de Earth (planeta Terra) remetendo às Montanhas.
O francês inovador
Patrick De Gayardon tornou-se famoso por romper os limites do paraquedismo. Ele incrementou seu macacão com superfícies entre os braços e as pernas, dando assim início a modalidade do Wingsuit. Em 1998, Patrick morreu no Havaí durante um acidente de skydive usando um Wingsuit ao testar uma modificação em seu container. Sua morte se deu por conta de um erro ao costurar partes do macacão em seu container e acidentalmente travar as linhas de suspensão do principal que estava dobrado para o salto no dia seguinte. Seu legado foi muito importante para a consolidação do Wingsuit.
O Crescimento e a popularidade
Nos anos 2.000, com o avanço dos materiais sintéticos, os wingsuits se tornaram mais leves e resistentes. A popularidade do esporte cresceu, e os wingsuits começaram a ser usados em vários tipos de competições e demonstrações, atraindo uma nova geração de praticantes.
Os wingsuits modernos são altamente sofisticados, permitindo velocidades horizontais de até 200 km/h. Eles hoje são projetados com aerodinâmica avançada e a tecnologia em sua construção, a cada novo modelo que é desenvolvido, a performance aumenta de forma significativa.
Os designs atuais são resultado de extensos testes e feedback de atletas experientes, garantindo um equilíbrio entre desempenho e segurança.
O Futuro do Wingsuit
O futuro do wingsuit promete inovações ainda mais emocionantes, com pesquisas contínuas em materiais e design. A integração de tecnologia digital, como sensores para monitoramento de voo, pode oferecer novas dimensões de segurança e controle para os praticantes. Hoje em dia já se tem muita coisa interessante sendo realizada porém ainda não comercializável.
Como se iniciar no Wingsuit
Agora vamos falar da prática do wingsuit pra você que sonha em fazer parte deste mundo ou até mesmo você que nunca nem pensou em seguir esse caminho. E eu só posso te dizer que ser um wingsuiter é fascinante, vale a pena experimentar!
Para iniciar no wingsuit, o atleta precisa ser categoria C, e um mínimo de 200 saltos. Nós na Fly Brothers, uma das escolas brasileiras, temos asas dos mais variados tamanhos para os alunos, e todo material necessário seguindo as recomendações e instruções da maior fabricante e formadora de novos wingsuiters no mundo que é a Squirrel.
No nosso staff temos dois examinadores pela CBPq, Erick Rocha e Flavio Jordão, esse último é também um examinador formado e reconhecido pela Squirrel. Temos também vários instrutores habilitados a formar novos wingsuiters espalhados por todo Brasil, reconhecidos pela CBPQ, e alguns com chancela também pela Squirel.
Como funciona o curso
O curso e realizado seguindo as recomendações da Squirrel com aula teórica e cinco saltos. Cada um deles com objetivos definidos, bem parecido com o AFF. Sendo aprovado em cada salto sequencial, o aluno segue para o próximo nível ate a sua formação. Ao final do quinto salto, o atleta está formado mas tem muitas recomendações e orientações para seguir na trajetória da prática do wingsuit sendo sempre orientado quanto aos riscos sobre a prática da atividade. O que pode e deve ser realizado em cada salto e com quem se pode saltar. Pessoas menos ou mais experientes, todos formados pelo método.
A Fly Brothers dispõe das asas para iniciantes nos cursos e depois, enquanto o atleta iniciado não adquire sua asa própria, continuamos emprestando até o atleta evoluir ao ponto de adquirir sua primeira asa. Ou seu “traje de gala” como costumo me referir à nossa asa.
A progressão depende muito de cada atleta e da sua dedicação. Mas uma coisa é fato: A cada salto a coisa só melhora!
Simuladores de voo para Wingsuit
Assim como no skydive, existem túneis para treinar e evoluir mais rapidamente no wingsuit. Esses túneis são horizontais com um grau de inclinação variável. O atleta que consegue voar nesses túneis, a progressão, assim como no skydive, se torna mais rápida e mais assertiva. Além de ser muito divertido voar no tubo, como chamamos carinhosamente.